domingo, 15 de setembro de 2019

Meu Arrependimento


Você era um bom amigo, sempre esteve ao meu lado e era uma das únicas pessoas que me compreendia. Ainda é difícil ter que admitir que não lhe tenho mais por perto. Você me deixou sozinha em um mundo que é insuportável sem a sua presença nele.
Quero dizer, eu nunca consegui me adaptar a sociedade, as convenções sociais inúteis, e nem a irracionalidade humana; você era meu porto seguro e quem me fazia menos solitária. Agora eu não tenho com quem desabafar, além do meu diário, nem quem me dê conselhos ou que entenda todas as minhas extravagâncias.
Dói muito aceitar que você nunca vai voltar, e eu sei que é egoísmo meu, mas gostaria de vê-lo ao menos uma última vez, poder me despedir. E se fosse possível também queria apagar da minha mente a lembrança de tê-lo visto dependurado pelo pescoço por uma corda presa a árvore do jardim da sua casa, onde costumávamos passar as tardes de fim de semana jogando conversa fora.
Talvez em parte isso seja um pouco minha culpa. Eu estava tão imersa nos meus problemas e angústias que não percebi que você estava definhando por dentro. Você sempre guardou seus sentimentos para si, me ouvia e nunca reclamava de nada. Quantos daqueles seus sorrisos foram falsos? Quantas das vezes em que parecia alegre, mas na verdade estava imerso em um mar de dor?
Se pudesse voltar atrás, eu voltaria. Mas eu não tenho outra opção além de aceitar a realidade, embora tenha sido cada vez mais difícil. Sinto sua falta todos os dias e me culpo todas as vezes em que deito minha cabeça sobre o travesseiro.
Eu venho aqui no jardim da sua casa que agora está abandonada, toda vez que a saudade de você se torna insuportável... converso com o nada na ilusória esperança de que você me escute, como fazia antes. Me perdoe por não ter percebido que você estava morrendo por dentro e gritando por socorro silenciosamente.
- Sheila Tinfel

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