domingo, 23 de dezembro de 2018

Medo e Fantasia, Uma Perigosa Combinação


O medo faz das pessoas, presa fácil de manipuladores.
O medo faz com que acreditem em fantasias sem sentido.
O medo se torna ódio e violência.
O medo é uma arma poderosa.
O medo é uma das melhores ferramentas, que boçais utilizam para  alienar a população.
O medo é uma forma de controle.
Fica esperto, ou você será o próximo a ser enganado!
-Sheila Tinfel

sábado, 22 de dezembro de 2018

Um Passado Distante


Tantos anos se passaram, imaginei que eu já tivesse superado, meus sentimentos por você. Depois de ter lhe visto ontem, não é o que parece. Trocamos olhares, e por mais que eu tentasse, não conseguia evitar, em olhar para você, mesmo esperando que aquela fosse a última vez, porque não quero confrontar meu passado, outra vez, assim tão de perto.
Você continua tão atraente quanto antes, embora haja algumas mudanças físicas evidentes. Seus olhos castanhos vibrantes, continuam os mesmos, e se eu pudesse tê-los observado mais de perto, certamente mergulharia em um oceano de sensações, que me fariam perder o chão, e a noção de tempo, como antes... Mas felizmente, eu me mantive a uma distância segura, fingindo, ou ao menos, tentando fingir que a sua presença não me afetava. E aquela moça, que estava ao seu lado, é sortuda, pois ela pode ver seu sorriso, se encantar por ele, e não sentir culpa por isso; pode abraça-lo e sentir – se envolvida pelos seus braços, e eu apenas posso imaginar, qual seria a sensação; pode ouvi-lo dizendo que a ama, enquanto a olha nos olhos, enquanto eu, nem ao menos poderei vê-lo novamente.
 Espero esquecê-lo em breve, porque, cansei de ter meu coração preso ao seu, cansei de amar, sem ser amada. E apesar de tê-lo eternizado em minhas poesias, prefiro enterrar nossas lembranças, e meus versos sobre você, na escuridão longínqua de um passado distante, como uma história que nunca existiu de verdade, e que não me faz perder noites de sonos, e nem me faz derramar lágrimas, em noites solitárias.

-Sheila Tinfel


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terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Em Cada Verso Um Pouco de Você

Escrevo esses versos
E como todos os outros
São dedicados a musa inspiradora deles
Você... Você que nunca saberá disso

Quem lê-los
Talvez sinta minha dor
A saudade que faz meu coração sangrar
A falta do seu abraço
E de não poder observar
esses seus olhos castanhos
Tão inebriantes, quanto fascinantes

Da mesma maneira
Talvez, quem ler meus versos com a alma
Se apaixone por você
Pelo mistério que a envolve
Pela sua beleza única
Pela sua genialidade

Se encantar por você é fácil
Difícil é lhe esquecer
Amá-la é uma dádiva
Deixá-la, é dolorosamente torturante
-Sheila Tinfel

Simplesmente Você


Seus olhos castanhos
São fascinantes
Inebriantes
Míticos
Hipnotizantes
Misteriosos

Seu sorriso
Singelo
Doce
Encantador
Quase esquecido
no canto da boca

Seus lábios
Carnudos
Tentadores
Sedutores
E macios

Seus cabelos
Lisos
Finos
Esvoaçantes
Livres

Seu abraço
Reconfortante
Acolhedor
E único

Você
A combinação perfeita
Entre beleza e genialidade
Mistério e simplicidade
Fragilidade e força

Você
A pessoa que faz meu coração
Bater descontrolado
Que enxerga a verdade escondida
por de trás da escuridão de meu olhar
Que dá sentido a minha existência aqui
Que amo a cada dia um pouco mais
Simplesmente você...


-Sheila Tinfel

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domingo, 16 de dezembro de 2018

Somente ignorantes enxergam na violência, uma resposta


Há momentos em que a ignorância e a Intolerância predominam, que a bestialidade humana emerge das profundezas da escuridão, e que ditadores se levantam para liderar a boçalidade e a estupidez, de que em parte somos feitos, ou pelo menos alguns de nós. Há épocas que o medo fantasioso de coisas que nem ao menos são reais, é usado como arma para iludir, alienar boa parte da sociedade. E esse medo se torna aversão, ódio, desprezo e asco, por outros, que não concordam, que veem o mundo de maneira muito mais ampla, do que o rebanho governado por tiranos egoístas e hipócritas. E é assim, que a violência, o derramamento de sangue, a selvageria, e o autoritarismo, é justificado. Mas no fundo todos sabemos que os fins não justificam os meios, que a pátria não é mais importante que vidas, que religião não deve ser usada como desculpa, para proferir preconceitos.
Como pode existir tantos humanos sem humanidade? Tantas pessoas que se consideram boas, incitando a brutalidade, a hostilidade? Será que param para pensar em seus atos? Será que não veem o tamanho da hipocrisia, em que estão imersos? Será que não percebem que opressão, intimidação, e agressão, não são a resposta? Pois, para fazer do mundo um lugar melhor, o diálogo, a autocrítica, o amor, o altruísmo e a lógica, ainda são as ferramentas mais eficazes. Não pode ser tão complicado, entender que a raiva, não nos leva a lugar nenhum, que pontos de vistas opostos, sempre existirão e que é isso que traz luz a escuridão da ignorância e nos torna mais sábios. Somos humanos, cometemos erros, mas não precisamos repeti-los.
-Sheila Tinfel

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sábado, 8 de dezembro de 2018

Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Fernando Pessoa

O Último Adeus



Em meio à multidão achei você, e meu olhar encontrou o seu e então sorri e você sorriu de volta. Me senti abraçada e protegida. Eu guardei esse sorriso em minhas lembranças, como se guarda um tesouro imensuravelmente valioso. Percebe como as coisas se tornam mais valiosas quando sabemos que é única e nesse caso, a última vez que poderia ser vista?
Depois desse sublime momento, a minha memória simplesmente resgatou todas as lembranças que eu tinha de você, e como um filme, várias cenas se passavam pela minha mente. Todas as suas mudanças, a sua voz, os seus sorrisos, a sensação do toque da sua pele na minha, do cheiro do seu perfume, e de todas as vezes que reprimi todos os meus impulsos de lhe abraçar, tocar em você, dizer o que queria, as crises de ciúme, e o mais importante, de amar você. Tudo isso, agora não importa, porque não posso voltar no tempo e não tenho como escolher outra vida, na qual viveríamos juntas.
Um adeus, sempre é um adeus, e mesmo que não seja para sempre, ainda assim é triste e doloroso. E quando é uma despedida, em que não haverá reencontros, é pior, porque machuca mais e a dor é tão intensa quanto a de arrancar um membro do seu corpo, sem qualquer tipo de anestesia. E foi o que senti, quando, sem escolhas, disse adeus a você.
-Sheila Tinfel

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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Olhos azuis... Os misteriosos olhos azuis



Estou correndo... correndo... correndo.
Mas correndo do quê? E por quê? Da dor? Do medo? De alguém?
Não consigo me lembrar, no entanto me parece impossível parar de correr. Não sei nem mesmo se isso é real. Porém sinto as gotas de chuva que caem sobre mim, e o vento, tocando meu rosto. Meu coração bate de maneira descontrolada e meus pés doem, estou exausta, mas não posso parar de correr.
Olho em volta, e tudo que vejo, é o céu acima de mim, escuro e mais nada. Não consigo enxergar o chão abaixo de meus pés, só senti-lo. Se é que realmente estou o sentindo. Não entendo... como poderia entender? Não sei o que estou fazendo aqui, ou onde é “aqui”.  Por mais que me esforce, a única coisa que continuo vendo é o céu cinza e agora um par de olhos, tão azuis e fascinantes, quanto o oceano. Aqueles olhos pareciam me vigiar, não importava o quanto eu corresse. Será que era dele que eu corria? Então eu estava fugindo? Isso é angustiante e estou começando a ... De que isso importa, não sei nem quem sou! Aliás, o que sei? Que estou presa em um delírio, ou será tudo verdade? E se for fantasia, porque não seria verdade?
O que estou fazendo? Fazendo tantas perguntas a quem? A mim mesma, porque não há ninguém além de mim aqui, ou há?
Como posso sentir as gostas de chuva, se não posso vê-las, mesmo enxergando o céu? Nem o barulho, escuto. Mas aqueles olhos azuis, continuam me vigiando, e parecem estar chorando.
-Olá!
Meu corpo todo dói, e a estou deitada em uma cama. Estou deitada? Eu estava dormindo?
-Se acalme, você precisa descansar.
- Quem é você?
- A enfermeira. Você está no hospital...
Enquanto ela falava, olhei em volta e vi pela janela que chovia.
-Está chovendo.
-Sim, desde ontem.
-Isso não foi uma pergunta. Espera... desde ontem?
-Sim.
-Ontem. O que houve ontem?
- Você e seu marido sofreram um acidente.
- Heitor. Olhos azuis.
-Como?
-Nada.
-Enfim, eu sinto muito.
-Por quê? Por que sente muito?
- O motorista perdeu o controle do carro, e acabou batendo em vocês dois, na ponte. Você caiu no asfalto, mas ele acabou sendo jogado no rio. Ele faleceu.
-Eu... ah, eu lembro... Só... não. Isso não é real!
- Infelizmente é.
-Não. NÃO! Não.
- A senhora está muito agitada, vou lhe aplicar um sedativo.
-Como se isso fizesse a dor ir embo... olhos... olhos azuis.
-Sheila Tinfel


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sábado, 24 de novembro de 2018

Amor, uma maldição?



Eu estou velha, e muito cansada. Acabo esquecendo das coisas, na maioria das vezes, mas as lembranças que tenho de você, ainda vivem em mim, e meu coração sangra toda vez que lembro...
Você tinha olhos encantadores. Hipnotizantes na verdade. O seu sorriso iluminava o meu dia, e antes a vida parecia mais suportável, por tê-la ao meu lado, mesmo que fosse apenas para observá-la de longe, ou conversar sem poder lhe tocar. Ah, querida... tantas vezes me imaginei lhe abraçando, acariciando seus longos cabelos castanhos e beijando os seus lábios macios, sentindo seu perfume de perto, sem nenhum receio, sem culpa, sem medo. Apenas você e eu, deitadas na cama, vendo pela janela a noite chegar, e apresentar toda a majestade luminosa das estrelas e da Lua. Mas, como sempre, não passaram de sonhos.
Esse amor é minha maldição e a imbecilidade animalesca de quem deveria lhe amar matou você, e assassinou uma parte de mim junto.
Eu ainda lembro do gosto do seu beijo, do primeiro e único beijo... Você estava tão sorridente, tão serena, e segurei uma de suas mãos, enquanto olhava nos seus olhos castanhos vívidos, senti sua respiração tão próxima do meu rosto, e então toquei sua face com minha mão, deslizei meus dedos por seus lábios, e você aproximou sua boca da minha, mas permaneceu inerte, até eu lhe beijar, e sentir você. Sensação inebriante, uma mistura de paz e desejo. Porém seu pai puxou seu braço e eu a perdi para sempre. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, e sei quanta dor os seus olhos expressavam, e sei também quanto desespero havia em seus gritos. Tentei fazê-lo parar, eu tentei. Implorei. Ele não me ouvia, continuava lhe batendo. Não consegui soltá-la dos braços dele. E quando você caiu no chão, eu corri para perto, tentei tirá-la dali, mas seu pai bateu com o porta-retratos, na minha cabeça e me chutou. Então... era tarde demais, ele lhe puxou pelo braço mais uma vez, e a jogou contra a parede. Sua cabeça sangrava e meu coração se partia em inúmeros pedaços.
Depois daquilo, ele foi preso. Mas você se foi, para sempre. Éramos jovens sonhadoras, idealistas. Hoje, eu vejo o mundo de outra maneira e é bem mais cruel e a vida mais amarga. Ainda guardo a foto de nós duas, naquele nosso último verão, juntas, que estava no porta-retratos, quebrado, caído no chão do seu quarto.
Tanto tempo se passou e a dor continua intensa. A saudade e a culpa me consomem, a solidão me afoga em um vazio angustiante. Ainda lhe amo, e continuo escrevendo essas cartas para você. Nunca serão lidas, no entanto é o mais próximo que consigo chegar de superar a falta que você me faz.

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Os Humanos sem Humanidade



Com bárbaros não há diálogo
Entre os boçais a sabedoria não reina
Os intolerantes não respeitam as diferenças do outro
Os ignorantes não entendem argumentos
Os alienados não enxergam os fatos
Os hipócritas dizem amar, mas matam

Os sábios
Lutam contra a barbárie
Levam paz, por onde passam
Carregam no peito, amor pelo mundo
Trazem no olhar a esperança
sem deixar de ver a realidade que os cerca
Reconhecem a dor do outro

Em tempos de brutalidade
É preciso ser luz na escuridão
Vida em meio a guerra
Flor vencendo o canhão
Fé para os desesperados
Família para os abandonados
Razão em meio a bestialidade
É preciso ter humanidade diante da crueldade


domingo, 11 de novembro de 2018

A Dor de ser Você Mesma


- Dói?
Aquela pergunta me parecia tão estúpida. Nunca respondi.
Hoje a psicóloga na minha frente, me questiona sobre a mesma coisa e eu continuo sem saber o que dizer. Apenas observo os quadros expostos na parede branca, e os objetos em cima da mesa, completamente inertes, assim como eu, sentada nessa maldita cadeira.
Ela me olha, como se esperasse por algo.
- Você pode simplesmente dizer sim ou não!
Não entendo como responder isso, faria alguma diferença na minha vida.
Está frio aqui dentro e eu gostaria muito de estar debaixo das cobertas, lendo algumas poesias. Parece que o tempo congelou. Olho inúmeras vezes no relógio, preso no meu pulso, mas é como se os ponteiros estivessem parados.
-É a quinta vez, que você vem aqui e você continua em silêncio. Faltam alguns minutos. Diz alguma coisa.
O que ela espera que eu diga? Que eu odeio a minha vida, que as pessoas me assustam, me irritam e que as acho ridículas? Que prefiro conversar comigo mesma e que não sei lidar com os meus sentimentos, e que por isso os ignoro? Claro, eu poderia falar tudo isso. Mas do que importa? A vida continuaria o mesmo inferno de sempre e eu não preciso reabrir feridas que ao menos parecem cicatrizadas.
-Você prefere desenhar?
Ah, sim, com toda a certeza! Sou uma ótima desenhista! A única coisa que sei fazer com as minhas mãos de maneira útil, é escrever.
-Quanto mais você se calar, mais você vai sofrer. Se abrir, ajuda.
A única coisa que gostaria de abrir agora, é a porta desse consultório, para poder ir embora.
- Eu sei que você está passando por momentos difíceis. E sei também que é cansativo, mas você precisa lutar.
Eu estou lutando. Sozinha.
- Seus pais se preocupam com você e estão tentando te ajudar, mas é importante que você se ajude também.
...
- Seus pais te amam e...
Ela está louca? Não importa, porque antes que ela termine de falar, eu me levanto da cadeira e vou em direção a porta.
- O tempo não acabou.
- Vai para o inferno!
A psicóloga me olha assustada e depois sorri e diz:
- Tivemos um avanço!
- Só se for em direção ao fundo do poço. Adeus.
Saio da sala, sigo pelo corredor e desço do prédio. Ando, ando e ando... Chego em casa e meus pais, como em todas as vezes que nos encontramos, me olham com asco e sussurram um “olá filha. Voltaremos tarde, não nos espere”. Ótimo, assim não preciso suportar a presença repudiante dos dois.
Vou para o meu quarto, assisto um filme, leio algumas poesias aleatoriamente, escrevo no meu diário, escuto músicas e adormeço. Acordo, o Sol está brilhando lá fora, e aqui dentro, a escuridão me protege. O alarme toca, me levanto e vou para a escola. Algumas horas de tédio e estou em casa outra vez. Almoço sozinha, passo a tarde sozinha. Já está escuro, meus pais chegam, e dizem “olá filha” em uníssono e sobem para o quarto. Me sento no sofá da sala, algumas horas se passam, eu vou para a sala de jantar. Faço um lanche, sozinha. Subo as escadas, vou ao banheiro e tomo banho, e saio, sigo pelo corredor até meu quarto, me deito na cama e durmo. Amanhece e acontece a mesmíssima coisa até o fim de semana, que levanto tarde e meus pais viajam para a casa da praia.
Amanhece, desligo o despertador, vou para a escola, volto e almoço. Troco de roupa e vou para o consultório da psicóloga. Me sento na cadeira.
- Boa tarde! Como se sente hoje?
...
- Imagino que da mesma maneira que das últimas vezes em que nos vimos.
-Sim.
Ela me olha surpresa e diz:
-Triste? Perdida?
-Sim.
-Você conseguiria descrever como são essas sensações, ou por que se sente assim?
- Vamos ser objetivas, tudo bem?
Ela me observa, intrigada e acena com a cabeça, me afirmando que sim. Então eu continuo.
-Meus pais não me entendem, porque eles acham que sou uma aberração. Eles são ignorantes, que acreditam que me ignorar e me pagar uma terapia, é uma boa forma de me mostrar que quem eu sou, não é normal ou aceitável.
- Por que eles achariam algo assim de você?
- Porque eles me viram beijar uma menina na boca.
Ela fica em silêncio por alguns instantes e diz:
-Isso significa que eles não aceitam quem você é.
-Sim. Meus pais acreditam que uma terapia pode me curar.
-Curar?
-Para eles minha orientação sexual, é uma doença.
- Eu preciso falar com seus pais.
-Não sei se vale a pena.
-É preciso tentar.
E tentamos. muitas vezes, mas eles insistiam em não aceitar o óbvio. Passamos um mês fingindo que não nos conhecíamos, até eles aceitarem conversar com minha psicóloga. Conversamos os quatro, e apesar de eles ficarem receosos, no final acabaram compreendendo e entenderam que me amar, significa me apoiar, e aceitar quem eu sou de verdade.
...


Tolice! Isso é o que eu gostaria de contar a você leitor. Na realidade, eles nunca me apoiaram e continuam me olhando, com asco e me veem como uma aberração. Foi então que percebi, que por conta de um beijo, perdi meus pais para sempre. Entendi também, que algumas vezes a intolerância e o preconceito, faz você perder quem mais ama no mundo. Eu perdi meus pais, e eles perderam uma filha. É triste saber que eles não irão na minha formatura do colégio, nem da faculdade, que não ficarão orgulhosos das minhas conquistas e de que não me apoiarão nos meus momentos mais difíceis. É angustiante saber quem são seus pais, conviver com eles, e ainda assim ser órfã.
E hoje eu consigo responder àquela pergunta. Sim, dói. Dói muito, ver a repulsa no olhar, por você, das pessoas que te deram a vida. Dói amar e em troca receber desprezo. Dói saber que você nunca será amada, pelos seus próprios pais.


sábado, 10 de novembro de 2018

Você


Você é luz em meio a escuridão
Você é companhia em meio a solidão
Você é amor diante da dor
Você é água no deserto
Você é chuva no sertão
Você é segurança afastando o medo

Você é a minha lembrança mais bonita
Você é dona da beleza,
Do mistério
E do motivo do meu sorriso

E é com você que me sinto viva,
Perdida e ao mesmo tempo segura
É com você que sonho acordada,
Que busco em meus devaneios...

Anseio por um beijo seu
como o colibri pelo nectar da flor
Preciso de um abraço seu
como um poeta precisa da poesia
Quero você
como o viciado quer o seu vício
Lhe busco
como o viajante busca seu destino

-Sheila Tinfel

domingo, 4 de novembro de 2018

Solidão

Rio de Janeiro , 1933

Desesperança das desesperanças...
Última e triste luz de uma alma em treva...
— A vida é um sonho vão que a vida leva
Cheio de dores tristemente mansas.

— É mais belo o fulgor do céu que neva
Que os esplendores fortes das bonanças
Mais humano é o desejo que nos ceva
Que as gargalhadas claras das crianças.

Eu sigo o meu caminho incompreendido
Sem crença e sem amor, como um perdido
Na certeza cruel que nada importa.

Às vezes vem cantando um passarinho
Mas passa. E eu vou seguindo o meu caminho
Na tristeza sem fim de uma alma morta.
-Vinicius de Moraes

domingo, 28 de outubro de 2018

LIBERDADE!



Grite Liberdade!
Não desista
Não pare
Nunca!

Mesmo cansado
Continue a lutar!
Juntos somos fortes
Somos fortaleza
Contra a opressão!

A causa é justa
A luta é necessária
E o amor é nossa arma!

Ignore os hipócritas
Os falastrões
Os farsantes
Os ignorantes
Os medíocres
Os intolerantes

Seja resistência
Sei que a dor e o medo
Parecem insuportáveis
Mas você é Metal
Vidro blindado de empatia
e ESPERANÇA!

Mostremos o caminho
do conhecimento
e da sabedoria!
O caminho da igualdade
E da fraternidade!
Da justiça e da verdade!

Grite,
Vocifere: Liberdade!
LIBERDADE!

(Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz)

-Sheila Tinfel


domingo, 21 de outubro de 2018

Limbo Solitário


A névoa
A escuridão
As árvores
Algumas luzes
Pássaros cantando
Algumas vozes ao longe

Observo tudo
Estando lá
Mas minha mente
Projeta outro mundo
a partir do que vejo

A solidão nesse momento
É minha liberdade
Ali sou eu
A minha mais verídica personalidade

Ali meu olhar
E nem meu sorriso
Precisam esconder a dor

Ali as feridas abertas
Estão escancaradas
E as cicatrizes a vista


A alma sangra
O coração pulsa
forte e insistente
O pulmão absorve o oxigênio
Como nunca fez

Tudo se confunde
Realidade e fantasia
Razão e emoção

Sinto calmaria
E êxtase ao mesmo tempo
Dor e prazer
Pesar e felicidade

Ali, em paz
No meu limbo solitário
Onde tudo é e não é
Tudo foi, mas sem a certeza de realmente já ter sido
E tudo que será, não importa
Porque o presente,
Pela primeira vez
Tem minha atenção
por completo.

A única vez em que me deixei sentir
sem medo...
Medo da dor
De errar
De perder tempo
Sem receio
de ser eu mesma

-Sheila Tinfel


Ainda...




Seus cabelos castanhos, dançando no ar, enquanto seu corpo gira acompanhando o ritmo da música, e o seu sorriso, completamente indescritível, porém, o mais lindo que já vi. E eu tão próximo a você, observando, e absorvendo cada detalhe daquele momento, como se fosse a última vez.
Eu ainda lembro daquela noite... as lembranças estão tão vivas em minha mente que posso sentir a nostalgia e a sensação de plenitude, daquele momento, simplesmente, porque eu estava com você. Sabe... sinto a sua falta e talvez a dor que sinto agora, não diminua com o passar do tempo, mas não me importo, porque pelo menos assim sempre poderei ter certeza de que o que vivemos foi real.
Quando fecho os olhos, ainda consigo sentir suas mãos tocando as minhas, o seu olhar penetrante, nos meus, e ver aquele seu sorriso encantador, quando se aproximava de mim, para me beijar. E toda vez que olho para o céu, sinto você comigo, como naquelas noites de Lua cheia, em que observávamos as estrelas, parecendo dois malucos, conversando, como se fantasia e realidade, não fossem em nada diferentes uma da outra. Talvez, porque não conhecíamos o limite entre sanidade e loucura. É bem possível, que eu ainda hoje, não conheça! No entanto, não tenho a mínima pretensão de conhecer. Porque é essa linha tênue, que há entre coisas completamente opostas, que nos unia, e de certa forma, continua nos unindo.
De qualquer maneira, essa é uma carta de despedida, que você nunca vai ler. Resolvi escrevê-la mais porque preciso de um ponto final, para aceitar o fim do que fomos e vivemos, do que para você realmente a ler. Até porque, como o faria? Mortos não leem cartas, muito menos as que são escritas por um maluco, que não compreende a morte, aliás quem a compreende?! Mas, enfim, gostaria de dizer, ou melhor, escrever apenas mais algumas palavras, ou seriam lembranças?
Lembro da última vez que ouvi sua voz, e você não disse que me amava, na verdade sussurrou no meu ouvido que a minha jornada apenas havia começado, mesmo que sem você comigo. Lembro também, do seu último sorriso, quando segurei sua mão. Depois disso, sei que seu coração parou de bater e o oxigênio já não era absorvido por seus pulmões. E então aconteceu o inverso comigo, meu coração batia tão forte, que parecia que sairia do peito, e meus olhos húmidos, viam o desespero de maneira tão viva, que não conseguiam parar de derramar lágrimas. Mas como os seus, os meus pulmões pareciam inúteis, porque não importava o quanto eu tentasse respirar, nada era suficiente para que aquela sensação asfixiante e dolorosa de perda, fosse embora. E apesar de sentir essa mesma sensação todos os dias, a frequência disso tem diminuído. No final dessa história, a única coisa que importa é que ainda amo você.

-Sheila Tinfel

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Você NÃO é Objeto, NÃO é Posse

A maquiagem esconde o roxo, mas não ameniza a dor.
As flores, que ele te deu para se sentir menos culpado, pela briga de ontem, não apaga as feridas abertas na sua alma.
As desculpas que ele lhe pede, não faz com que suas lágrimas cessem, muito menos com que seu peito pare de sangrar.
As falsas promessas dele, de que vai mudar, não lhe dão esperança o suficiente para continuar onde está.
Porque, você sabe...
Amanhã , ele vai ficar nervoso outra vez, e esquecer que prometeu lhe amar.
Mais um tapa?
Soco?
Chute?
Ofensas?
E depois?
(...)
Uma faca?
Ele, lhe mata lentamente, todos os dias, a torturando, com ameaças e agressões. E quando você estiver cansada de lutar, talvez seja tarde demais. E ele lhe dê o golpe final. Com inúmeras facadas, ou talvez um tiro?
Seja como for, você não merece isso.


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Hipocrisia



Ilusões?
São doces,não são?
A verdade costuma doer
Perfurar o peito
até ele sangrar.

É mais confortável se enganar, não é?
Esconder seu verdadeiro eu, dos outros
Porque assim, ninguém vai lhe julgar
Bater e matar.

É uma grande tortura
Se afastar de coisas que ama
Para salvar o pouco
que restou de você mesmo, não é?

Ou então quando
Esconde a dor em seu olhar
Com um patético sorriso,
suficiente para que acreditem
que as palavras proferidas por eles não machucam,
Não ofendem.
Quando na realidade
Te matam pouco a pouco
TODOS OS DIAS!

Hipócritas!
Dizem amar,
Mas,
Ferem
Violentam
Batem
Ofendem
Os que não se adequam a seus fantasiosos padrões.

Hipócritas!
Dizem que amam
Mas nunca amaram ninguém
A não ser, a si próprios.

Hipócritas!
Dizem lutar pela verdade
Mas mentem para si mesmos
De que os fins justificam os meios!

Hipócritas!
Dizem defender a vida
Mas nos matam
Todos os dias.

Hipócritas!
Se dizem humanos,
Mas esqueceram a sua humanidade
Nas profundezas da escuridão.

Hipócritas!
Não são nada mais que farsantes
Iludidos,
Pelo próprio fanatismo.

-Sheila Tinfel

domingo, 30 de setembro de 2018

Noites Estranhas

Às noites são tão estranhas.
Frias,
Solitárias. E,
Assustadoras. Principalmente
assustadoras.

Há um vazio
nessa imensidão escura,
Há uma melancolia
nesse breu fantasmagórico,
Há silêncio
Aqui e Agora.
Mas,
Nada é o que parece ser,
Portanto,toda mudez
Tem um grito de socorro
contido
Dentro de mim
De você
De todos os seres que sentem
a dor de amar.
-Sheila Tinfel

Dentro de mim

Há dores

Lembranças

E gritos...
Olhares esquecidos,

Pálidos sorrisos,

Feridas abertas,
Tudo contido

Dentro,


de mim.
-Sheila Tinfel

domingo, 23 de setembro de 2018

Ainda Quero

Eu sei o que dizer
E como dizer
Mas silencio...

Sei que me escutaria
Talvez não entenderia,
Pensaria em mil hipóteses
Menos na única possível

E qual seria?
Ora, que meu coração te pertence
Que meus lábios anseiam
por um beijo teu,
Que meus braços gostariam
de envolvê-la em um abraço
E que minhas mãos adorariam
desbravá-la por inteira
Eu queria e ainda quero
 amar
Você.
-Sheila Tinfel

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Você poderia voltar? ... Não Poderia?





Eu preferiria que tudo fosse um pesadelo, que não passasse de um delírio. Mas você realmente tinha ido embora, e dessa vez para sempre.

Eu sentirei falta das nossas malditas discussões, do seu sorriso doce, dos seus olhos negros, audaciosos e hipnotizantes, dos seus beijos quentes e do seu abraço envolvente, que me curava de qualquer dor.

Você deixou um vazio e fez um estrago enorme. Ah, querida... Eu juro que sempre te amei. Eu juro que se pudesse, voltaria no passado e mudaria tudo, porque não me parece , nem mesmo minimamente suportável, o futuro sem você, e o presente, está absurdamente difícil, já que é impossível, olhar para a nossa cama, para a sua fotografia, exposta na parede da sala, e não lembrar de você! Não importa onde eu vá ou o que eu faça, você sempre está comigo, porque meus pensamentos são todos seus, assim como meu coração.
...
E eu não consegui ir no seu funeral... Me desculpa, querida, porém, eu ainda não posso lhe dizer adeus.

Sei que quando, cortou seus pulsos, você queria se livrar da dor e não da vida, mas mesmo sem querer, levou parte de mim, junto de você, e a outra que me restou, não é suficiente. Estou incompleto. Sozinho. Perdido. Com medo.
Sem você.

Você poderia voltar? 
...
Não poderia?
...
É, eu sei que não.

-Sheila Tinfel


Renascer?



Parece errado. Não parece? Não sei onde se concerta o coração. Onde cura-se a alma, em que lugar se esconde as lembranças, ou como faz para apagá-las. Não sei quanto tempo é possível esconder tamanha dor. Nem como fazer das lágrimas um tipo de antídoto, contra tanto veneno injectado de uma só vez nesse meu estúpido corpo humano. E talvez eu já tenha morrido por dentro. É possível que eu esteja tentando curar um cadáver. Mas se esse for o caso, não faria mais sentido, encontrar uma fórmula para a ressurreição? Ou queimar esse meu corpo e alma cadavéricos, para que das cinzas possa renascer? Realmente não sei, nunca tenho certezas, porque o peso de “verdades” me parece muito grande, para ser carregado, por meros tolos humanos.

-Sheila Tinfel

Castanhos




Seus olhos castanhos
Me desvendam
com tanta facilidade,
Seus lábios carnudos
Me provocam
a senti-los colados aos meus

E tudo em você
Me parece perfeito
O contraste dos seus cabelos castanhos
com os seus olhos de mesma cor,
A combinação perfeita
Entre inteligência e beleza,
O seu perfume e a sua voz
Igualmente suaves

Gostaria de poder tocá-la
Sem receio
Abraçá-la sem embaraço
E beijá-la sem pudor!
-Sheila Tinfel

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