domingo, 21 de outubro de 2018

Ainda...




Seus cabelos castanhos, dançando no ar, enquanto seu corpo gira acompanhando o ritmo da música, e o seu sorriso, completamente indescritível, porém, o mais lindo que já vi. E eu tão próximo a você, observando, e absorvendo cada detalhe daquele momento, como se fosse a última vez.
Eu ainda lembro daquela noite... as lembranças estão tão vivas em minha mente que posso sentir a nostalgia e a sensação de plenitude, daquele momento, simplesmente, porque eu estava com você. Sabe... sinto a sua falta e talvez a dor que sinto agora, não diminua com o passar do tempo, mas não me importo, porque pelo menos assim sempre poderei ter certeza de que o que vivemos foi real.
Quando fecho os olhos, ainda consigo sentir suas mãos tocando as minhas, o seu olhar penetrante, nos meus, e ver aquele seu sorriso encantador, quando se aproximava de mim, para me beijar. E toda vez que olho para o céu, sinto você comigo, como naquelas noites de Lua cheia, em que observávamos as estrelas, parecendo dois malucos, conversando, como se fantasia e realidade, não fossem em nada diferentes uma da outra. Talvez, porque não conhecíamos o limite entre sanidade e loucura. É bem possível, que eu ainda hoje, não conheça! No entanto, não tenho a mínima pretensão de conhecer. Porque é essa linha tênue, que há entre coisas completamente opostas, que nos unia, e de certa forma, continua nos unindo.
De qualquer maneira, essa é uma carta de despedida, que você nunca vai ler. Resolvi escrevê-la mais porque preciso de um ponto final, para aceitar o fim do que fomos e vivemos, do que para você realmente a ler. Até porque, como o faria? Mortos não leem cartas, muito menos as que são escritas por um maluco, que não compreende a morte, aliás quem a compreende?! Mas, enfim, gostaria de dizer, ou melhor, escrever apenas mais algumas palavras, ou seriam lembranças?
Lembro da última vez que ouvi sua voz, e você não disse que me amava, na verdade sussurrou no meu ouvido que a minha jornada apenas havia começado, mesmo que sem você comigo. Lembro também, do seu último sorriso, quando segurei sua mão. Depois disso, sei que seu coração parou de bater e o oxigênio já não era absorvido por seus pulmões. E então aconteceu o inverso comigo, meu coração batia tão forte, que parecia que sairia do peito, e meus olhos húmidos, viam o desespero de maneira tão viva, que não conseguiam parar de derramar lágrimas. Mas como os seus, os meus pulmões pareciam inúteis, porque não importava o quanto eu tentasse respirar, nada era suficiente para que aquela sensação asfixiante e dolorosa de perda, fosse embora. E apesar de sentir essa mesma sensação todos os dias, a frequência disso tem diminuído. No final dessa história, a única coisa que importa é que ainda amo você.

-Sheila Tinfel

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