Minha mente é um completo caos,
e enquanto por fora meu rosto demonstra calmaria, e um sorriso suave; por
dentro estou agonizando. Por isso costumo frequentar um bar, próximo a minha
casa, e que felizmente fica em uma rua pouquíssimo movimentada. Lá eu me sinto
quase em paz, me distraio observando o ir e vir das pessoas, suas expressões e
trejeitos. Com elas me sinto alguém normal e um pouco menos solitária, pois nem
eu e nem os frequentadores daquele bar são bem ajustados nessa sociedade de
hipócritas. De certa maneira, somos como uma família.
Em uma tarde quente de verão,
eu como de costume fui até lá e me sentei em uma das mesas mais afastadas, e pedi
um drink. Quando levei o copo a boca, vi alguns jovens rapazes, vestidos de
preto, entrarem no bar e apesar de nunca os ter visto ali, em um primeiro
momento não suspeitei de nada, mas em seguida percebi que eles nos encaravam
com um olhar horripilante, pareciam estar enfurecidos. Por essa razão me
levantei da cadeira calmamente, tentei disfarçar o nervosismo, mas fiquei
pronta para o ataque. A maioria das pessoas que estavam ali também ficaram
alertas, porém não fomos páreos para eles.
Eu vi uma
a uma das pessoas que estavam nas mesas a frente da minha ser decapitado ou esfaqueado. Nenhum deles conseguira ser mais rápidos que os
extremistas que invadiram o bar. E quanto a mim? Bem... aconteceu tudo muito
rápido. Tentei pará-los, mas foi inútil. Na segunda tentativa de enfrentá-los
senti uma dor pungente na parte de trás da cabeça, e tudo a minha volta foi se
apagando até ficar completamente escuro. Quando dei por mim, estava suspensa em
cordas, muito perto da parede de uma casa ou seja lá o que aquela construção
era de fato. Apesar de ainda me sentir minha cabeça latejar e ver o mundo ao
meu redor girar, o perigo me deixou suficientemente acordada. Quando avistei os
rapazes de preto encapuzados vindo em minha direção, em um surto de adrenalina,
consegui me soltar das amarras e atacá-los. Um deles conseguiu acertar o meu
braço esquerdo com uma lâmina pontiaguda, mas naquele momento eu não sentia
dor, apenas raiva.
Então
assim que derrubei o primeiro deles, peguei um canivete de ponta dupla e uma
faca de açougue que estava com ele, em seguida esfaqueei todos, e quanto mais
ferimentos eu causava, mais eu queria feri-los. Minha roupa e meu rosto estavam
cobertos de sangue daqueles vermes. No momento que fiz menção de ir embora, vi
um deles vivo, aliás, o único que não estava de capuz. Supus que ele era o
líder do grupo de extremistas, e não haveria possibilidade de deixá-lo escapar.
Ele tentou fugir e se esconder, porém o alcancei antes que obtivesse êxito.
Sabe... aquele momento foi de certa maneira engraçado, porque ele me pediu
desculpas com os olhos marejados, mas as suas súplicas pareciam tão falsas.
Enfim, a questão é que eu cortei sua garganta com o canivete e perfurei o peito
dele com a faca.
- Minha cara jovem, você não quer que eu leve uma história
fantasiosa dessas a sério, não é mesmo?
- Oh, claro que não. Seria péssimo se o senhor achasse que
eu sinto prazer em matar! Mas enfim, estou com um pouco de pressa.
- E então... se era só isso que queria discutir comigo,
sinta-se à vontade para partir.
- Ah, claro! Mas antes disso... o senhor é o verdadeiro
líder daquele grupo infame não é mesmo? Gostaria de saber como prefere
morrer... deixaria tudo mais interessante!
- Eu... ah... isso... quero dizer, como?
- Digamos que eu sou boa em descobrir a verdade. Agora,
vamos ao que interessa! Pode ser essa faca, não é?!
...
Que ironia! Um verme se tornar comida para outros vermes!
- Sheila Tinfel
23/08/2019
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