A chuva cai lá fora e alguns respingos batem na janela do
meu quarto, enquanto eu observo você, de olhos fechados, deitada na cama e
alguns fios dos seus cabelos castanhos sobre seu rosto. E penso que talvez seria mais simples se eu pudesse
dizer a você o que sinto, sem medo de lhe perder.
Eu, bem sei que o amor é subjetivo demais e que quando
amamos, ficamos tolos e cegos, mas não importa, porque estou cansada de esperar
você se decidir, se vai ou fica, se me ama ou se sou para você, mais uma paixão
passageira. Quando estou assim tão perto de você, como agora, me sinto
vulnerável, porque, por mais que eu tente reprimir meus sentimentos e desejos,
não consigo. Você é como um vício, quando lhe beijo, quero sempre mais...
E todos os dias, vivo com a insegurança, de que em algum
momento de nossas vidas, você se vá, sem mais nem menos, e sei que me avisou
desde o início, que o que temos não é algo sério ou importante... mas parece
que tudo o que fala é da boca para fora, em uma tentativa frustrada de me
afastar, porque tem medo de amar, da mesma maneira que teme a dor. E o medo lhe
cega, esconde a verdade, que é simples, que eu lhe amo e não pretendo magoá-la,
mesmo porque, vê-la sofrer, apenas faria com que eu sofresse também. Entende? A
sua dor, é a minha dor.
Não posso dar a você, as estrelas, a Lua ou o mundo, mas o
meu amor será sempre inteiramente seu, porque não há nada no universo todo, que
eu ame mais que você.
...
Quando ouvi você chamar meu nome naquele dia, acordei de
meus devaneios e pensei em lhe dizer o discurso que criei em minha mente, mas
quando ouvi você dizendo que iria embora, perdi a coragem e imaginei que teria
tempo para oferecer a você, muito mais que a futilidade da nossa relação.
Imaginei errado, não é? Pois, agora converso com uma lápide cinza e fria, que
contém gravada nela, seu nome... e não há resposta. Estou falando com uma placa
de cimento inanimada, enquanto custo a aceitar, a acreditar que seu corpo está
aí, debaixo da grama, dentro de um caixão preto. Eu tinha tanto medo de perder
você, mas nunca esperei que fosse dessa forma. E apesar de isso ser uma
despedida, eu manterei você viva em meu coração e a imortalizarei em meus
versos. Eu prometo.
-Sheila Tinfel
27/04/2019
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