terça-feira, 4 de setembro de 2018

Despertador, maldição!







O que você esconde em seu olhar?  Quantas lembranças e sentimentos, estão passando em sua mente, agora que me viu? Lembra-se do beijo? Dos abraços? Da sensação de estar comigo? Por que está me olhando assim? Qual o motivo de estar sorrindo? Por que, eu não consigo lhe esquecer? Por que toda vez que fico perto, não consigo dizer não a você?
Me beija logo, o que será que você está esperando? ... Ei, por que está se aproximando de mim? Está chegando perto, perto demais. As suas mãos, estão acariciando meus cabelos??! O que está fazendo? E esses lábios, que tanto desejei estão a centímetros dos meus.  E agora estão colados, e... ham... ...!
Isso realmente aconteceu?
Bip,bip,biiip.
Ah, hummm! Que droga de despertador. Despertador? Então foi um sonho? Maldição! Outra vez, uma enganação. Apenas esses sentimentos não são mentira e não querem ir embora. Não sei o que faço. Esqueço? Já tentei, mas as recordações que tenho dela, não me deixam. Muito menos a saudade de tudo que vivemos juntas.
Bip, bip, biip.
Maldição! Odeio esse despertador!
Acho melhor me levantar. Que bagunça está essa cama. O que, como... quem?
Os cabelos são iguais aos de Lisi. Será? Não é possível? Eu sonhei que havia sonhado, mas no final das contas eu estava com ela o tempo todo?
Acorda, acorda.
- O quê?
-Ah!...
Não, não é ela. Maldição!
- Quem é você? O que faz na minha cama?
A pessoa ao meu lado, está me olhando com uma expressão confusa.
- Não se lembra de ontem a noite? Do bar? E essa não é sua cama, é a minha. Olhe em volta.
Como? O que estou fazendo aqui? Não é meu quarto. Eu bebi tanto assim?
A jovem deitada ao meu lado, na cama continuava me olhando e então percebi que não havia perguntado nada disso a ELA.
- Como vim parar aqui?
- Nos divertimos, você bebeu, mais do que deveria. Então estávamos um pouco “fora de órbita”. Eu lhe trouxe aqui, e acabamos dormindo.
- Dormindo?
-Não é óbvio? Ou acha que passamos a noite toda acordadas?
-Mas, então foi só isso?
-Sim. Você passou boa parte do tempo que estivemos aqui, falando de uma tal Lisi. ora ria, ora chorava. Acabou adormecendo.
-Maldição!
-Por quê?
- Não consigo esquecê-la.
- Humanos e os seus estranhos obsessivos sentimentos!
Não falo nada em resposta. Apenas me levanto, encontro o banheiro. Volto onde ela estava. Me despeço. E saio. Vou para casa, depois para o trabalho.
No fim do expediente, vou até um bar. Ah, que moça linda! Os cabelos são iguais os de Lisi. Converso com ela, bebo, bebo, bebo.

Bip,bip,biip.

- Sheila Tinfel

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