domingo, 30 de setembro de 2018

Noites Estranhas

Às noites são tão estranhas.
Frias,
Solitárias. E,
Assustadoras. Principalmente
assustadoras.

Há um vazio
nessa imensidão escura,
Há uma melancolia
nesse breu fantasmagórico,
Há silêncio
Aqui e Agora.
Mas,
Nada é o que parece ser,
Portanto,toda mudez
Tem um grito de socorro
contido
Dentro de mim
De você
De todos os seres que sentem
a dor de amar.
-Sheila Tinfel

Dentro de mim

Há dores

Lembranças

E gritos...
Olhares esquecidos,

Pálidos sorrisos,

Feridas abertas,
Tudo contido

Dentro,


de mim.
-Sheila Tinfel

domingo, 23 de setembro de 2018

Ainda Quero

Eu sei o que dizer
E como dizer
Mas silencio...

Sei que me escutaria
Talvez não entenderia,
Pensaria em mil hipóteses
Menos na única possível

E qual seria?
Ora, que meu coração te pertence
Que meus lábios anseiam
por um beijo teu,
Que meus braços gostariam
de envolvê-la em um abraço
E que minhas mãos adorariam
desbravá-la por inteira
Eu queria e ainda quero
 amar
Você.
-Sheila Tinfel

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Você poderia voltar? ... Não Poderia?





Eu preferiria que tudo fosse um pesadelo, que não passasse de um delírio. Mas você realmente tinha ido embora, e dessa vez para sempre.

Eu sentirei falta das nossas malditas discussões, do seu sorriso doce, dos seus olhos negros, audaciosos e hipnotizantes, dos seus beijos quentes e do seu abraço envolvente, que me curava de qualquer dor.

Você deixou um vazio e fez um estrago enorme. Ah, querida... Eu juro que sempre te amei. Eu juro que se pudesse, voltaria no passado e mudaria tudo, porque não me parece , nem mesmo minimamente suportável, o futuro sem você, e o presente, está absurdamente difícil, já que é impossível, olhar para a nossa cama, para a sua fotografia, exposta na parede da sala, e não lembrar de você! Não importa onde eu vá ou o que eu faça, você sempre está comigo, porque meus pensamentos são todos seus, assim como meu coração.
...
E eu não consegui ir no seu funeral... Me desculpa, querida, porém, eu ainda não posso lhe dizer adeus.

Sei que quando, cortou seus pulsos, você queria se livrar da dor e não da vida, mas mesmo sem querer, levou parte de mim, junto de você, e a outra que me restou, não é suficiente. Estou incompleto. Sozinho. Perdido. Com medo.
Sem você.

Você poderia voltar? 
...
Não poderia?
...
É, eu sei que não.

-Sheila Tinfel


Renascer?



Parece errado. Não parece? Não sei onde se concerta o coração. Onde cura-se a alma, em que lugar se esconde as lembranças, ou como faz para apagá-las. Não sei quanto tempo é possível esconder tamanha dor. Nem como fazer das lágrimas um tipo de antídoto, contra tanto veneno injectado de uma só vez nesse meu estúpido corpo humano. E talvez eu já tenha morrido por dentro. É possível que eu esteja tentando curar um cadáver. Mas se esse for o caso, não faria mais sentido, encontrar uma fórmula para a ressurreição? Ou queimar esse meu corpo e alma cadavéricos, para que das cinzas possa renascer? Realmente não sei, nunca tenho certezas, porque o peso de “verdades” me parece muito grande, para ser carregado, por meros tolos humanos.

-Sheila Tinfel

Castanhos




Seus olhos castanhos
Me desvendam
com tanta facilidade,
Seus lábios carnudos
Me provocam
a senti-los colados aos meus

E tudo em você
Me parece perfeito
O contraste dos seus cabelos castanhos
com os seus olhos de mesma cor,
A combinação perfeita
Entre inteligência e beleza,
O seu perfume e a sua voz
Igualmente suaves

Gostaria de poder tocá-la
Sem receio
Abraçá-la sem embaraço
E beijá-la sem pudor!
-Sheila Tinfel

sábado, 15 de setembro de 2018

A Infiltrada




Em meio a agitação, de uma semana conturbada, e atarefada, por estágios e aulas na Universidade, me perguntaram se seria possível substituir o professor de Educação Física, em uma escola pública, na cidade de União da Vitória e apesar de por alguns segundos ponderar, aceitei o desafio.
Agora imagine, caro leitor, uma estudante do curso de Letras, amante da literatura, poetiza, novelista, que é um tanto desvinculada do meio social, e que sofria bullying na escola e era a última a ser escolhida nas aulas de educação física, aceitar a aventura de se “infiltrar” em um ambiente, que não lhe é muito familiar e não traz boas lembranças. Pois, o desfecho pode ser no mínimo, divertido.
Então, quando cheguei, me apresentei na secretaria e pedi informações sobre as turmas, e fui encaminhada até a sala de aula. Imagine a minha surpresa, quando logo após chegar, um rapaz de estatura média, magro, de cabelos escuros, se aproxima da porta e começa a falar com os alunos. Foi naquele momento que entendi o que estava acontecendo: ele era um estagiário e estava cumprindo seu estágio de regência obrigatório. Portanto, como era ele que organizaria os alunos e as atividades do dia, e eu apenas observaria e conferiria o livro de chamada, fiquei em parte aliviada, porque meu papel ali, seria mais de ouvinte, do que de atuante, porém por outro lado ele tinha mais afinidade, com a disciplina em questão, e isso fez me sentir mais insegura. Principalmente, quando ele veio conversar comigo, mas apesar do desconforto em relação a situação que me encontrava, me sai bem.
Alguns minutos depois, chegou outro rapaz, também jovem, de cabelos escuros, porém muito mais alto, e introspectivo que o primeiro, que aliás me pareceu um líder nato. Enfim, o segundo moço, também era um estagiário, apesar que nas atividades com os alunos, participou mais como coadjuvante, do que o contrário, e isso não diminui de forma alguma o seu bom desempenho e a utilização de sua autoridade, quando necessário. E assim, foi possível traçar ao menos de maneira superficial o perfil, dos dois, que sempre é uma observação necessária para que eu possa manter uma boa comunicação e entendimento com as pessoas a minha volta.
Depois de algum tempo, eu já me sentia mais confortável ali, e na segunda aula, que era com outra turma, fiquei observando as atividades distintas que dois grupos de alunos estavam praticando, uma coordenada pelo estagiário e a segunda sem a mesma necessidade, e o ritmos das duas parecia se sincronizar, transformando dois exercícios opostas em uma única melodia, a mistura do som do apto e do chute dos meninos contra a bola perdida, na confusão de pés que a tocavam, era como música, uma batida que causa frenesi e agitação. E foi, naquele instante que me veio o angustiante desejo de escrever sobre o momento em questão, portanto, fiz o que minhas mãos ansiavam e minha mente ardentemente clamava, escrevi, escrevi e escrevi!
Na maioria do tempo que estava ali, anotei ideias que surgiam e descrevi cenas que se mostravam interessantes, para transformar em um texto, seja qual gênero for. Talvez, tenha dado a impressão de que, eram anotações sobre o desempenho deles, mas na realidade, era só eu, me comportando como sempre, uma observadora, que vê em cada detalhe, uma peculiaridade, e sente instantaneamente vontade de escrever sobre. Aliás, é possível vestir máscaras, mas nunca mudar a sua essência, quem realmente se é. A aula era de Educação física, no entanto a pessoa que observava, era e continua sendo a jovem estranha, que encontrou na literatura, um meio de se comunicar com as pessoas.
-Sheila Tinfel




Lá na Síria
Alá ouve a prece
de tantos patrícios
E uma mãe grita e chora
E o Cristo abraça
o menino morto
por bombas e tiros
Onde estarão agora
Os Chaerck, os Mansur,
os que tem sangue de Elias?
Em Damasco,Beirute,
Balbeck, em Palmeira?
E se tivessem vindo também
Para estes lados
Imigrantes árabes,
Primos refugiados
Fazendo daqui outra Síria?
Como seria?
Tanto horror
Pela honra do Oriente
Tanto ódio a troco de nada
Quem lavara o sangue dos sírios
Que escorre a rodo
Pela calçada?
-Caio Ricardo Bona Moreira (bisneto de Elias Mansur,que emigrou da Síria para o Brasil em 1912).

sábado, 8 de setembro de 2018

O MUNDO FANTASIOSO DOS PADRÕES




Às vezes me pego pensando que o mundo está errado, mas depois de observar a realidade nua e crua, percebo que somos nós que estamos equivocados, porque nos deixamos cegar pela nossa selvageria, ignorância e pelo Ego. Aqui, estamos nós, humanos, perdidos em nosso próprio lar. Há tanta crueldade por aqui, e dói percebe-la. Por isso, é mais fácil fechar os olhos, e se esconder por de trás de fantasias, onde tudo é mais nebuloso e menos difícil. No fundo sabemos que é só ilusão, mas nos conforta, e ameniza a nossa dor.
Vestimos máscaras todos os dias, para que não nos olhem com nojo e asco, para que não nos digam que somos estranhos demais, para ter o direito de estarmos aqui. O irônico é que não há anormalidade alguma em nós. Somos humanos, como todos os outros, mas nossa mente é mais borbulhante, e tudo que é diferente do padrão, será visto como: esquisito, feio, ou subversivo, porque os que acham que se encaixam nos padrões, que obviamente são inalcançáveis, tendem a agredir, excluir, e matar tudo que eles entenderem como diferente DELES. E sabe o que isso significa? Medo! Medo e ignorância.
-Sheila Tinfel

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Despertador, maldição!







O que você esconde em seu olhar?  Quantas lembranças e sentimentos, estão passando em sua mente, agora que me viu? Lembra-se do beijo? Dos abraços? Da sensação de estar comigo? Por que está me olhando assim? Qual o motivo de estar sorrindo? Por que, eu não consigo lhe esquecer? Por que toda vez que fico perto, não consigo dizer não a você?
Me beija logo, o que será que você está esperando? ... Ei, por que está se aproximando de mim? Está chegando perto, perto demais. As suas mãos, estão acariciando meus cabelos??! O que está fazendo? E esses lábios, que tanto desejei estão a centímetros dos meus.  E agora estão colados, e... ham... ...!
Isso realmente aconteceu?
Bip,bip,biiip.
Ah, hummm! Que droga de despertador. Despertador? Então foi um sonho? Maldição! Outra vez, uma enganação. Apenas esses sentimentos não são mentira e não querem ir embora. Não sei o que faço. Esqueço? Já tentei, mas as recordações que tenho dela, não me deixam. Muito menos a saudade de tudo que vivemos juntas.
Bip, bip, biip.
Maldição! Odeio esse despertador!
Acho melhor me levantar. Que bagunça está essa cama. O que, como... quem?
Os cabelos são iguais aos de Lisi. Será? Não é possível? Eu sonhei que havia sonhado, mas no final das contas eu estava com ela o tempo todo?
Acorda, acorda.
- O quê?
-Ah!...
Não, não é ela. Maldição!
- Quem é você? O que faz na minha cama?
A pessoa ao meu lado, está me olhando com uma expressão confusa.
- Não se lembra de ontem a noite? Do bar? E essa não é sua cama, é a minha. Olhe em volta.
Como? O que estou fazendo aqui? Não é meu quarto. Eu bebi tanto assim?
A jovem deitada ao meu lado, na cama continuava me olhando e então percebi que não havia perguntado nada disso a ELA.
- Como vim parar aqui?
- Nos divertimos, você bebeu, mais do que deveria. Então estávamos um pouco “fora de órbita”. Eu lhe trouxe aqui, e acabamos dormindo.
- Dormindo?
-Não é óbvio? Ou acha que passamos a noite toda acordadas?
-Mas, então foi só isso?
-Sim. Você passou boa parte do tempo que estivemos aqui, falando de uma tal Lisi. ora ria, ora chorava. Acabou adormecendo.
-Maldição!
-Por quê?
- Não consigo esquecê-la.
- Humanos e os seus estranhos obsessivos sentimentos!
Não falo nada em resposta. Apenas me levanto, encontro o banheiro. Volto onde ela estava. Me despeço. E saio. Vou para casa, depois para o trabalho.
No fim do expediente, vou até um bar. Ah, que moça linda! Os cabelos são iguais os de Lisi. Converso com ela, bebo, bebo, bebo.

Bip,bip,biip.

- Sheila Tinfel

Postagem em destaque

A Arte É Liberdade

A arte transcende a moralidade e nós artistas, não devemos levar em conta a moral e a ética, porque ao nos preocuparmos com essas questõ...