Uma Promessa

A chuva cai lá fora e alguns respingos batem na janela do meu quarto, enquanto eu observo você, de olhos fechados, deitada na cama e alguns fios dos seus cabelos castanhos sobre seu rosto.  E penso que talvez seria mais simples se eu pudesse dizer a você o que sinto, sem medo de lhe perder.

Eu, bem sei que o amor é subjetivo demais e que quando amamos, ficamos tolos e cegos, mas não importa, porque estou cansada de esperar você se decidir, se vai ou fica, se me ama ou se sou para você, mais uma paixão passageira. Quando estou assim tão perto de você, como agora, me sinto vulnerável, porque, por mais que eu tente reprimir meus sentimentos e desejos, não consigo. Você é como um vício, quando lhe beijo, quero sempre mais...

E todos os dias, vivo com a insegurança, de que em algum momento de nossas vidas, você se vá, sem mais nem menos, e sei que me avisou desde o início, que o que temos não é algo sério ou importante... mas parece que tudo o que fala é da boca para fora, em uma tentativa frustrada de me afastar, porque tem medo de amar, da mesma maneira que teme a dor. E o medo lhe cega, esconde a verdade, que é simples, que eu lhe amo e não pretendo magoá-la, mesmo porque, vê-la sofrer, apenas faria com que eu sofresse também. Entende? A sua dor, é a minha dor.

Não posso dar a você, as estrelas, a Lua ou o mundo, mas o meu amor será sempre inteiramente seu, porque não há nada no universo todo, que eu ame mais que você.

...

Quando ouvi você chamar meu nome naquele dia, acordei de meus devaneios e pensei em lhe dizer o discurso que criei em minha mente, mas quando ouvi você dizendo que iria embora, perdi a coragem e imaginei que teria tempo para oferecer a você, muito mais que a futilidade da nossa relação. Imaginei errado, não é? Pois, agora converso com uma lápide cinza e fria, que contém gravada nela, seu nome... e não há resposta. Estou falando com uma placa de cimento inanimada, enquanto custo a aceitar, a acreditar que seu corpo está aí, debaixo da grama, dentro de um caixão preto. Eu tinha tanto medo de perder você, mas nunca esperei que fosse dessa forma. E apesar de isso ser uma despedida, eu manterei você viva em meu coração e a imortalizarei em meus versos. Eu prometo.

-Sheila Tinfel

27/04/2019

Mulher!

Mulheres
não são propriedade
nem objetos

Mulheres
podem e devem
Amar quem quiserem
Beijar quem escolherem
Viver como bem entenderem

Mulheres
são donas de seus corpos
e ninguém mais

Mulher
sinônimo de
Força
Coragem
Inteligência
Beleza
E poesia!

Mulher
seja quem você quiser!

-Sheila Tinfel

Sentir - se Só

Me sinto só
Quando estou sozinha,
Quando estou em meio a multidão,
Quando adormeço
E quando acordo

Embora a solidão seja uma boa amiga
por vezes, ela lhe apunhalará pelas costas
E escancarará suas dores
sem anestesia

A solidão vence por cansaço...
Com o tempo se torna invencível
e como golpe final
Se transforma em algo intransponível
Insuportável

Os dias serão iguais
As noites, mesmo no verão
serão frias
As semanas, os meses e anos
passarão lentamente
Enquanto o tsunami de dor
lhe afoga, pouco a pouco
Sem piedade
Nem misericórdia

Não haverá salvação
Somente uma imensidão
de solidão

Só...
Vagando solitariamente
pelas vielas
de uma vida ímpar

- Sheila Tinfel Cordeiro
21/04/2019

É e Sempre Será Você

Há uma beleza na ingenuidade do seu sorriso
que me encanta
A volúpia do seu olhar
me devora a alma
A distância entre nossos corpos
enlouquece meus sentidos
E amar você
adoece meu coração

Lhe busco
Nos olhares,
Nas vozes,
Nos sorrisos
Nos lábios,
Nos abraços
de outros

Todas as vezes
acabo frustrada
Pois, nenhum deles
é você...

Os seus beijos são doces,
os deles são amargos
Seu toque é reconfortante,
o deles é angustiante

Você é como um vício
E não poder amá-lo
me causa abstinência

Por mais que eu tente
não consigo esquecê-lo
Porque, ainda há muito
de você em meu coração
E porque sempre haverá resquícios do que já fomos
em minha alma

- Sheila Tinfel
19/04/2019

A Espera

Ser E Estar Ou Não

Haviam muitas pessoas a minha volta na pista de dança, e eu as via dançar, pular, sorrir, e gritar, e imaginei como seria sentir aquela combinação de emoções, e ter com quem compartilhar o momento. Me pareceu tão fantástico e ao mesmo tempo, tão assustador. Me sentia completamente perdido ali, no meio de tantas pessoas e ainda assim tão sozinho. E então fiquei me perguntando, do por que eu ter ido ali... acho que quis saber como as outras pessoas se divertiam. A verdade é que as invejo, parecem tão felizes e descontraídas, enquanto eu, sempre estou tenso e anestesiado, e mesmo assim, ainda sinto tanta dor. Não sinto amor, prazer, felicidade ou algum tipo de tristeza que possa ao menos ser descrita, mas tenho dor. A única coisa que nunca me deixa e a única sensação que verdadeiramente já experimentei.
Ainda parado na pista de dança, divagando sobre minha estranha existência, em um planeta hostil, senti alguém tocar em meu ombro direito, e assustado me voltei para trás e vi uma jovem de olhos castanhos claros e cabelos escuros sorrindo para mim. Senti ela se aproximar  e me perguntar o que eu fazia parado, enquanto os outros dançavam. Me pareceu lógico responder que nunca faço o que a multidão faz, mas não acredito que teria sido adequado ao momento, então apenas respondi que não sabia. Ela gargalhou e me puxou para perto do palco, insistiu que eu dançasse, de maneira tão enfática que acabei dançando, mesmo desajeitado! Ela não parecia se importar com a forma que me movia ou se eu conseguia acompanhar os passos dela. Apenas dançava e sorria, olhava nos meus olhos e fazia me sentir inteiramente despreocupado. Mas depois de cinco músicas, vi uma garota chamá-la e ela se foi. Tentei encontrá-la depois, mas foi em vão. Portanto voltei para casa.
Na manhã seguinte, quando acordei, fiquei me perguntando se eu realmente estive naquela festa, ou se foi um sonho, e se estive sera que aquela jovem realmente existiu, ou era tudo fantasia da minha mente perturbada e solitária, tetando me salvar da realidade em que me mantenho preso? Talvez eu nunca venha a saber, mas se tudo foi real, não sei se posso fazer parte desse mundo, no qual as pessoas agem como pessoas!
- Sheila Tinfel
1504/2019

Um País Doente, Chamado Brasil

Parodiando Renato Russo,
Hoje nos perguntamos
Que país é esse?!
Em que  se idolatra boçais
Em que a religião justifica preconceito
Em que armas são a "solução" para os problemas
Em que vidas negras são perdidas , porque militares "se enganaram"

Em que  a educação não é valorizada
A cultura desprezada
E a arte é incompreendida

Que País é esse?
Em  que as bestas estão no poder
E as ovelhas , defendem o lobo
Onde o povo sustenta a corja de patifes burgueses

Que País é esse?
Em que homens covardes, matam mulheres, porque acham que elas pertencem a eles
Imbecis!

Que país é esse?
Em que o diferente não é aceito
E o amor não é livre

Onde a justiça é falha,
pune inocentes, pela cor que tem ou pela quantia que não tem
e absolve criminosos pela cor que não tem e pela quantia de dinheiro que tem

Que País é esse?
Onde vidas indígenas são perdidas
para o avanço massacrador do agronegócio

Que País é esse?
Brasil!

O País onde os que defendem a moralidade, são imorais
E os ditos intelectuais, são ignorantes
Onde a Bandeira é exaltada pelos "patriotas",
que defendem o lema " minha bandeira jamais será vermelha",
Mas deixam ela sangrar
Hoje o verde, amarelo, azul e branco
foram trocados pelos escarlate do sangue de inocentes
E o "ordem e progresso" se tornou loucura e regresso!

Que País é esse?
Brasil...
Tão doente Brasil

- Sheila Tinfel
12/04/2019

Eu e Ela

Eu e ela, fazemos parte de um mesmo ser.Se tentássemos vivermos separadas, ambas morreríamos. Nós duas somos movidas pela mesma paixão, e prezamos a liberdade acima de qualquer coisa. E embora, eu prefira a lógica e ela as emoções, habitamos o mesmo espaço. Somos ligadas por um único elo: a arte! Ela, a poetisa, é a essência da minha alma, o motivo pelo qual me mantenho em pé,apesar de ferida. Temos um acordo: Compartilho com ela todas as minhas dores, ela as transforma em poesia, e em troca ela alivia meu sofrimento. Portanto, uma necessita da outra e embora sejamos mortais, com alguma sorte, nossos versos transcenderão o tempo e nos torne algo para além do efêmero.
-Sheila Tinfel