Você está ouvindo, o som da chuva lá fora, batendo no vidro
da janela? É como música, não é? Tem um ritmo intenso, agora. Embora, eu sinta
o tempo passar lentamente... mesmo que o tic - tac incessante do relógio, me
prove o contrário. Mas o tempo é relativo! Não sei como você está sentindo o
passar das horas, talvez seja rápido, e nem perceba que estamos envelhecendo,
inevitavelmente morrendo. Porém, eu sinto o tempo se rastejar pelas beiradas, e
mesmo assim, não tenho controle sobre ele, assim como você. Estamos todos vendo
a vida escorrer por nossas mãos, como água. Alguns
de nós prefere não pensar nisso, por temer a morte ou o que vem depois dela,
mas nesse caso o posterior não importa, porque não sabemos o que acontece depois
que todos os nossos sentidos e órgãos param de funcionar, quero dizer, se a
nossa consciência ainda existiria depois disso, apesar que sinceramente não
acredito que tenhamos alma ou que vamos nos tornar fantasmas, vagando pelo
mundo. Porém, sabemos que estamos vivos, que existimos, que sentimos, e somos
capazes de amar, de sentir prazer, tanto quanto de sentir dor, portanto é o
tempo presente que importa, ou seja, enquanto ainda estamos aqui... vivos!
Podemos fazer escolhas erradas, ou não, podemos nos casar,
ou escolher o contrário, podemos ler livros de poesia, ou resolver não os ler,
podemos nos dedicar as artes, ou a ciência, ou ainda a filosofia, ou a nenhuma
delas, podemos lutar pelo que acreditamos, ou ficarmos sentados observando tudo
a nossa volta, sem de fato interferir. Você entende, o que importa aqui? Ora, é
que podemos fazer escolhas, aliás, é impossível não fazê-las, porque mesmo
quando escolhemos não escolher, já estamos fazendo uma escolha, e apesar disso
ser um paradoxo, e irônico, é também fantástico, pois, se não estivéssemos vivos,
no sentido mais existencial e profundo da palavra, não poderíamos fazer
escolhas. Compreende que há diferença entre viver e sobreviver? Vivenciar e
existir? Já se perguntou se você realmente está vivo, ou apenas vê a vida
deslizar entre seus dedos, de maneira líquida, escorregadia e vazia? Eu penso
muito nisso, e há dias em que me sinto viva, e outros que tenho certeza que
estou morta.
-Sheila Tinfel
03/02/2019
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