quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Será?

 



Eu não sei se ainda amo você

Mas me sinto presa, porque estamos conectados

Por uma dependência emocional

 

Será que eu lhe amo ou é só carência?

Será que eu amo aquele que você se mostrou ser

Mas não o que você é de Verdade?

 

Não sei…

Apenas estou deixando a maré me levar

Eu acho

-Sheila Tinfel

11/10/2021

O que eu gosto em você

 

Gosto de sentir sua mão passear pelo meu corpo

De sentir sua língua deslizar pelo meu pescoço

De sentir seus lábios doces e macios nos meus

De sentir seu cheiro gostoso e viciante

 

Gosto de ouvir sua voz grave no meu ouvido

De escutar o som da sua respiração enquanto dorme

De ouvir as batidas do seu coração enquanto estou deitada sobre seu peito

 

Gosto de mexer no seu cabelo fazendo movimentos suaves e contínuos

Gosto de acariciar os seus lábios com os meus dedos, lentamente

Gosto quando segura minha mão e brinca com meus dedos

 

Gosto dos seus olhos castanhos claros que possuem um tom âmbar

Gosto dos seus cabelos perfeitamente cacheados

Gosto de como você é inteligente

Gosto do seu sorriso gentil e das suas gargalhadas divertidas

 

Enfim, amo você!

- Sheila Tinfel

 

05/11/2021

Amor Sádico

 



Parece-me que sigo um ciclo vicioso, um padrão de atrair-me por pessoas de índole e caráter duvidoso. São sempre pessoas que encontram meu ponto fraco, tentam manipular-me de maneira impiedosa.

            No começo elas são gentis, amáveis, mas depois tiram a máscara e desfazem a farsa aos poucos, porém, é sempre no momento em que já estou envolvida demais. Relevo muitas coisas, quando amo, tolero absurdos por muito tempo, até eu conseguir me desprender das teias venenosas na qual sou envolvida.

            Tive um namorado que usava meus sentimentos contra mim, me acusava de traição, quando na verdade era ele que traia, e chegou até a abusar de mim. Imagine, caro leitor, o que é ser desmontada e não conseguir mais encaixar as peças, porque agora todas estão quebradas. Foi assim que me senti. Quase perdi-me para sempre, mas felizmente sobrevivi, apesar de ainda sofrer com os traumas.

            Depois de um bom tempo encontrei um rapaz, apenas alguns anos mais velho do que eu, e ele era tímido, doce e meigo, era alto, de olhos castanhos claros de tom amarelado, cabelos cacheados, e que compartilhava comigo o gosto pela literatura e parecia ter ideias progressistas, portanto imaginei que havia encontrado a pessoa certa para dividir comigo todas as alegrias e tristezas que a vida viesse a me proporcionar.

            No entanto, depois de aproximadamente um ano de namoro o comportamento dele começou a mudar   pouco a pouco. Era estúpido comigo várias vezes, depois pedia desculpas, mas continuava tendo a mesma atitude grotesca, em seguida começou a machucar meu cachorro e dizer que “gostava do grito que ele dava, era engraçado”, e claro sempre repreendi ele por isso, na hora concordava, prometia que não faria mais, porém continuava fazendo a mesma coisa. E então surgiu uma nova mania, a de apertar meu pescoço em momentos aleatórios, de conversas normais, e mais uma vez o repreendi e ele se desculpava, jurava que pararia, entretanto isso era mentira, pois fazia o contrário do que dizia e ainda ria de mim e das minhas reclamações. Teve um momento que precisei ser mais enfática e então pareceu fazer efeito, ele parou, mas obviamente não seria tão simples assim, não é mesmo? Pois, bem, ele começou a acariciar meu pescoço e apertar minha nuca e depois como se voltasse a si pedia “desculpa”, “desculpa”, e eu aceitava, pensava “já é um avanço, ele está tentando parar”. Além dessas coisas, ele olhava fixamente para meu pescoço, em silêncio, também apertava meus ombros e braços até eu sentir dor e depois dizia: “nem doeu”.

            Havia momentos em que ele tinha surtos de raiva e batia nas coisas. E teve um episódio, em que eu sonhei que ele acabou matando várias pessoas, o chão estava repleto de sangue das vítimas e todas elas deitadas no chão. Contei para ele e ele perguntou se eu tinha visto como estava o olhar dele na hora e se tinha certeza de que ele era o psicopata. Então, caro leitor, achei a primeira pergunta um tanto curiosa, mas não levei a sério, apenas lhe contei que não vi, e sobre a segunda, achei estranho, mas compreensível, embora eu não tivesse comentado nada sobre psicopata, pensei apenas em um assassino comum. E teve um dia que ele falou que conseguia se adequar a qualquer ambiente social, pois tinha a habilidade de se comportar como as outras pessoas esperavam. Ah, e teve as vezes que ele olhava para o nada em silêncio, dava risada sem motivo algum, e quando eu o questionava ele não contava do que estava rindo. E tinha momento em que ele falava “você pode conviver com um psicopata e nem perceber, não é?”

            Todos esses acontecimentos eram indícios de que ele não era quem dizia ser. Embora de certa maneira, ele tenha chegado a admitir que era sádico, ainda escondia sua verdadeira face.

            Na cidade onde moro, há muitos casos de feminicídio, por isso o assassinato de mulheres era infelizmente bastante comum. A questão é que começou a ter vários casos de mulheres assassinadas por estrangulamento e tinha um certo padrão, eram sempre jovens de 16 a 25 anos de idade, que pareciam frágeis, emocionalmente instáveis, com problemas psicológicos, morenas, de cabelos longos.

            Cheguei a comentar com ele sobre esses casos e ele não demonstrava nada. O que não é nenhuma surpresa, já que ele muitas vezes parece insensível.

            Mas, então, em uma tarde de novembro eu fui até a casa dele, para passarmos o feriado juntos e como sempre ele me deixava sozinha em algum cômodo e ficava andando pela casa, enquanto olhava para o celular. Para acabar com o tédio eu comecei a observar os livros dele, e foi quando encontrei em sua estante, atrás de um amontoado de revistas de esportes havia alguns diários. Eu achei que eram apenas caderno com anotações irrelevantes, por isso abri, porém quando comecei a ler percebi que se tratava de relatos minuciosos de torturas e assassinatos de mulheres. No início imaginei que ele estava querendo escrever algum texto literário, no entanto percebi que aquelas anotações se referiam aos casos de homicídio da minha cidade, que comentei anteriormente.

            Naquele momento, ignorei a razão e pensei “talvez ele esteja anotando sobre esses casos e acrescentando algumas informações para criar contos ou romances”, mesmo sabendo que ele não tinha aptidão para tal profissão, pelo menos, nunca mencionou para mim que gostava de criar histórias.

            Os dias passavam e os casos continuavam a aumentar, e esses homicídios começaram a ganhar espaço na mídia do estado, mas a polícia não conseguia encontrar o culpado por atos tão cruéis.

            Em uma reportagem de um jornal local, havia o relato de uma vítima que sobreviveu ao ataque do serial killer que estava assombrando a cidade. Ela contou, que era um homem alto, magro, de cabelos pretos, cacheados e curtos, mas que não pode ver seu rosto, porque ele estava usando uma máscara de tigre. A jovem, também relatou que ela estava andando em uma rua longe do centro da cidade, em direção a sua casa, às sete da noite, quando foi surpreendida pelo criminoso que a seguia. Ele segurou em seu braço e encostando uma faca em sua cintura, disse para ela o acompanhar até o carro dele e quando entraram, o homem dirigiu até uma estrada de chão, onde não tinha casas ou indústrias por perto, apenas árvores e vegetações rasteiras. Depois de parar o carro, ele ordenou que ela tirasse a roupa, mordeu seu pescoço, a arranhou, apertou seu braço direito até ela implorar para parar, e então com a mão direita pressionou a faca sobre sua barriga, mas não a ponto de cortá-la e com a mão esquerda acariciou seu pescoço, olhando vidrado, e em seguida o apertou com força, tanto que ela começou a ter dificuldades para respirar. Foi nesse momento que ele sem querer afrouxou a mão que estava segurando a faca e a moça no completo desespero, sem pensar tirou a faca dele e quando ele tentou recuperá-la ela o cortou na mão e na sequência, aproveitando que ele se esquivou, acertou mais uma facada na sua barriga, abriu a porta do carro, saiu correndo, derrubou a faca na estrada e não parou até encontrar uma rodovia, que para sua sorte, naquele momento estava passando um carro, e a motorista a viu e parou, a recolheu para dentro. Então a jovem Lúcia contou o horror que havia passado, e a mulher a levou para uma delegacia, mas antes deu um cobertor para ela se cobrir.

            Quando li essa reportagem, acabei ficando angustiada. Pobres jovens que sofriam nas mãos desse homem sem humanidade. Enquanto refletia sobre isso, recebi uma mensagem do meu namorado, explicando que não poderia vir há minha casa no fim de semana, porque estava muito atarefado, então fiquei irritada, reclamei “você sempre chega tarde aqui e ainda dessa vez nem vai vir?”, depois disso ele tentou se desculpar, mas acabou vindo.

            Quando ele chegou vi que estava andando um tanto encolhido, mas ele disse que era porque tinha comido algo que o fez mal e agora estava com dor, lhe ofereci remédio, porém não quis, então fomos nos deitar, percebi que não tirou a camiseta como sempre fazia para dormir, mas não dei muita atenção a isso, no entanto quando fui abraça-lo e acaricia-lo percebi que havia um relevo na sua barriga, perto da cintura e que quando toquei ele estremeceu. Perguntei se havia se machucado e ele respondeu que tentaram roubar seu celular e acabou reagindo, por isso o ladrão o esfaqueou, mas que para sorte dele a polícia estava passando e conseguiu ajuda.

            Estranhei por ele não ter mencionado isso para mim antes e comecei a imaginar que talvez, mas só talvez, ele fosse o serial killer de Livênia. Fiquei atormentada, me senti culpada por pensar algo tão horrível assim, porém a verdade veio à tona. Os policiais encontraram o DNA dele na pele da vítima que sobreviveu, porque quando ela fugiu, antes de conseguir havia o esfaqueado, lembra? E quando saiu correndo com a faca, acabou encostando a lâmina no casaco. Eles tinham no banco de dados o DNA dele, porque para minha surpresa, ele já havia sido preso antes por ter se envolvido em uma briga num bar com um homem, entraram em luta corporal. Quando soube disso contei a polícia sobre o diário e eles o usaram como prova também.

            Depois que ele foi preso fui visitá-lo uma única vez, por uma necessidade estranha de constatar que aquele absurdo todo era real, e quando nos encontramos, ele olhava em meus olhos enquanto dizia que tudo aquilo não passava de um trágico engano, chorava tanto. Falava que me amava, pedia para que eu acreditasse nele, que não o deixasse. Se eu tivesse deixado meu coração tomar as rédeas da situação, teria me deixado levar, no fundo eu queria acreditar que ele era inocente, que era o rapaz carinhoso, tímido e inofensivo que conheci há tanto tempo atrás, porém permiti que a razão me conduzisse e fui embora e não voltei nunca mais.

            Depois, em seu julgamento ele foi considerado culpado por tentativa de homicídio e por assédio, pegou 25 anos de prisão, mas nunca foi condenado pelos seus assassinatos, porque ele nunca confessou e os corpos das vítimas não foram encontrados. No fim ele tinha razão ... “ás vezes convivemos com psicopatas e sociopatas e nem percebemos”.

- Sheila Tinfel

12/11/2021


Postagem em destaque

A Arte É Liberdade

A arte transcende a moralidade e nós artistas, não devemos levar em conta a moral e a ética, porque ao nos preocuparmos com essas questõ...