Sou desajustada? Sim. Não me
importo mais. No início você não percebe, mas com o tempo começa a compreender
que ser livre e enxergar o mundo como um Condor é estranho para a maioria das
pessoas. São inúmeras normas sociais, padrões estéticos e comportamentais. Tudo
isso é tão cansativo, não acha?
Quando eles me encaram eu os
olho de volta e percebo que mais parecem marionetes do que pessoas. Imagino que
deve ser exaustivo sempre se adaptar para caber no molde. Fingir ser confiante,
genial, produtivo, feliz, realizado e um modelo de moralidade.
Nunca fui capaz de ser aquilo
que esperam de mim, porque sou aquela peça quebrada do quebra-cabeça, a nota
musical destoante do restante da melodia, mas não me preocupo com isso. Não
posso apagar o que sou de fato para criar uma personagem patética.
Às vezes me sinto solitária e
perdida, porém é melhor do que a sufocante atuação de alguém que não existe.
Não me importo que façam seus julgamentos sobre mim enquanto me olham ou que finjam
tentar esconder seus risos abafados. De certa maneira é engraçada toda essa
situação, porque enquanto acreditam ser superiores aos outros, se tornarão
comida de vermes como qualquer um.
Enfim, humanos...
- Sheila Tinfel
02/09/2024