domingo, 19 de abril de 2020

Retrocesso

Eram tempos obscuros aqueles,minha jovem! Havia pessoas sendo assassinadas aos montes, simplesmente por se opor ao governo daquele período e outras que se suicidavam porque sabiam que morreriam de qualquer maneira se fossem capturados pelos guardas, e das piores maneiras possíveis.
As lembranças dessa época até hoje me atormentam. Os assassinatos ocorriam em praça pública para que todos pudessem ver... e que cenas horríveis eram aquelas! Pessoas eram fatiadas em pedaços por um demônio em forma de máquina chamado de "Três Pontas".Escorria sangue para todo lado.
Hoje, quando vejo adolescentes e adultos pedindo para a volta daquele período ditatorial e absurdo, penso que talvez seja preciso explicar a todos mais uma vez sobre as barbáries do passado.
Portanto vou lhe contar tudo que vivenciei naquele tempo. Talvez assim, com essa matéria jornalística, as pessoas sejam mais conscientes e se arrependam de querer que o inferno volte  a reinar.
Então, naquela época, quem detinha todo o poder no governo era o Rubens de Aucantra, que vinha de uma elite conservadora, e de uma família muito rica. Aquele homem, o então presidente e chefe de estado da época, era um ser humano desprezível e estúpido.
Naquele período uma crise tinha se instaurado causado pelo covid 19. Não tínhamos cura e nem vacina para combater o novo vírus e para piorar, Rubens Aucantra agia como se a pandemia fosse algo a ser ignorado. No entanto, quando ele também foi infectado, não mediu esforços para que os cientistas encontrassem a cura. Bom e obviamente depois de algum tempo a cura foi encontrada e sete meses depois a vacina foi desenvolvida, porém só os que tinham muito dinheiro conseguiram obter tratamento e vacina. Os mais pobres se não eram mortos pelo próprio governo, morria em decorrência do novo vírus.
Eu fico inimaginavelmente aliviada por ver que a raça "News sapiens" foi destruída, pois não haveria mais vida se eles vencessem sobre nós...
-E como surgiu essa " raça " que a senhora fala, dona Hercília?
_intervem a repórter com os olhos levemente arregalados pela terrível explicação
Ora, ora, ora...
[Suspiro]
A maldita cura, da maldita doença, a cura médica... Pelo maldito  tratamento super eficaz do maldito composto do maldito randamônio...
[Choro]
Me desculpe, aquele tempo foi...
Me desculpe...
Os curados, os que compraram a cura por randamônio, ficaram com um efeito colateral que eu que sempre fui realista sobre a vida, nunca poderia imaginar...
Eles se transformaram em humanos sem alma, sem piedade, sem coração, sem sentimentos...
E como o governo, os governantes, os ricos e preservadores dos bons costumes estavam assim, desumanos... Todo o poder democrático e aquisitivo se voltou contra as pessoas que não usaram a cura.
A Terra foi dividida entre os denominados "News sapiens", que se intitulavam "A Evolução do hominídeo", e queriam "evoluir" todos os outros, e destruir quem se recusasse, quais eram distinguidos pelas rosas roxas em suas vestes sistemáticas, e pelas veias roxas saltadas no pescoço
E  o outro lado da moeda, os humanos normais, que não foram infectados pela cura da infecção original, que reconheciam que a suposta evolução do homem, era uma praga que denigrem mais uma vez a história da Terra. Porém houve resistência.... Essa resistência trabalhava em segredo tentando encontrar um meio de trazer de volta as pessoas que foram "evoluídas", ou ao menos...
Para o bem dos demais...
Matá-los!
-O que não foi exatamente o que aconteceu, não é mesmo? _
Questionou ainda, a jornalista
Não,minha filha, foram as duas coisas.
Como foi sugerida  a união dos "News sapiens" em um único estado, nós, da resistência, formamos as presas dentro da floresta, uma fortificação onde nossos cientistas pudessem trabalhar e nossas famílias pudessem viver...
-Mas nem todos foram para o forte na floresta... Foi isso? _
Interrompe novamente ela, arrumando os cabelos se preparando para voltar a escrever.
De fato!
A população do mundo estava em cacos, as cidades abandonadas, os hospitais menores fechados, os "News" nem deram falta dos poucos que fugiram, pois ainda haviam muitos vivendo nas Metrópolis e sendo oprimidos, e pior, destroçados, quem se opunha a alguma coisa, era fatiado em três, pela máquina três pontas.
Como eu já tinha falado antes, alguns se voluntariavam para ser mortos, pois não sabiam mais o que fazer... Era horrível...
- Mas se a senhora estava no forte... Como sabia o que acontecia na metrópole?
_Advertiu desconfiada a moça.
Nossos cientistas não ficaram parados! Criaram um meio de deixar alguns de nós confundíveis com os "News", assim, eu e mais outros amigos, fomos várias vezes para algumas metrópoles regionais para tentar salvar mais dos nossos e encontrar informações.
Não sei mais quanto tempo foi necessário para a "cura News" aparecer, mas ela foi descoberta, um jovem médico chamado Lucrácio,  viu na desvantagem respiratória do covid 19 e na descoberta da fraqueza do randamonio, uma arma biológica contra a nova espécie. Logo depois disso, encontramos uma solução química e mineral que trancava os pulmões dos "News sapiens" e afetava o randamonio ou seus resquícios no indivíduo. Eu não sou a mais inteligente ou mais indicada para falar tecnicamente sobre o assunto, mas só é preciso saber que funcionou. Bem, foi assim que os News foram exterminados e os que sobreviveram voltaram a ser humanos, a sentir empatia, a amar. Deixaram de ser autômatos insensíveis.
Enfim, para acabar com tudo isso. foi preciso muita luta, muito sangue derramado e dor. Mas como você pode observar, cá estamos, 20 anos depois tem humanos querendo que o regime ditatorial volte e afirmam que aquela época foi uma das melhores que nosso país já esteve.
Lunáticos, apenas estúpidos ou ambos?
A repórter apenas meneou a cabeça e se levantou do sofá para ir embora. Hercília agradeceu pela jovem tê-la ouvido e a acompanhou até a saída. Depois, a idosa, agora sozinha se sentiu mais uma vez aliviada por saber que tudo tinha acabado, mas na sua mente tudo ainda era muito vívido e doloroso.
 - Sheila Tinfel e Gabriel Arnold 2186

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Mulher da Vida

Mulher da Vida,
Minha irmã.
De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades
e carrega a carga pesada
dos mais torpes sinônimos,
apelidos e ápodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à toa.
Mulher da vida,
Minha irmã.

- Cora Carolina

sexta-feira, 10 de abril de 2020

O Amor


O amor é quase sempre
sinônimo de dor
É um jogo arriscado
Uma brincadeira perigosa

Mas as vezes o amor
É a cura

Você chegou como
quem não quer nada
E conquistou meu traumatizado coração

Agora eu não me imagino
Sem você
Sem o seu abraço
Seus beijos
E seu sorriso

Meu peito agora
Arde de paixão por você
E nada pode fazer com que essa chama
se apague

- Sheila Tinfel

07/04/2020



sábado, 4 de abril de 2020

Tomara - Vinicius de Moraes

As Tantas Vezes em que Quase Morri


Hoje, caro leitor, vou lhe contar sobre minhas pequenas desventuras. A primeira delas é de quando eu ainda era bebê e estava deitada em uma rede, sendo embalada por minhas irmãs, quando acidentalmente elas me derrubaram, e eu cai no chão e bati minha cabeça nas pedras que haviam por ali, e acabei ficando inconsciente por alguns minutos. Minha segunda desventura, foi quando eu ainda criança, estava em uma carroça, e a mesma capotou e se desvencilhou dos cavalos. Eu cai no chão, debaixo da carroça e minha mãe também, mas ela ficou por cima de mim, como um escudo e me protegeu das coisas que tombaram junto da carroça.
A minha terceira desventura, ocorreu quando eu já era adolescente. Pois bem, eu estava tentando atravessar a rua que ficava de frente para uma funerária, chamada “Bom Jesus”, e então quando fui atravessar a rua, o carro dessa funerária quase me atropelou! Houve também uma vez em que eu estava na rua próximo a universidade onde estudei por 4 anos, e então eu estava indo para o ponto de ônibus, foi quando um ônibus quase bateu em mim e em sequência um bicicleteiro quase passou por cima de mim. Mas como das outras vezes, fiquei ilesa!
            O sexto acontecimento, foi quando eu e meu pai estávamos atravessando a rodovia que tem na frente da nossa casa, quando percebi que o automóvel me atropelaria, eu segui em frente, mesmo com o pai dizendo para mim ficar parada, mas eu não podia, do contrário seria atropelada!
            A sétima desventura, ocorreu quando eu estava indo em direção ao ponto de ônibus, aqui perto de casa. Enfim, eu tenho miopia e naquela época não estava usando o grau certo, por isso mesmo de óculos, eu enxergava pouca coisa de longe. Uma moto estava vindo em minha direção, mas eu só percebi isso, quando já estava com um pé no asfalto, mas felizmente antes de algo acontecer eu voltei para trás e não fui atingida em cheio pela moto.
            Depois dessa, houve tantas vezes em que quase morri acidentalmente que já perdi as contas. Sou muito desastrada, mas o acaso me protege!

- Sheila Tinfel

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